Ana Benavente n' O Público de 2010.02.17
"(...)
2. Uma política socialista assegura políticas públicas que visam mais justiça social e melhor qualidade de vida para todos.
Se a resposta for SIM, então a regulação dos mercados financeiros foi deficiente, as políticas económicas, de educação e de saúde foram conservadoras. O défice aumenta, o desemprego ainda mais e o país está descontente. As "novas oportunidades" centram-se mais nos números que nas reais competências e a escola vive, medrosa, centrada nos rankings.
(...)
3. Um partido socialista governa para e com os cidadãos, procurando aprofundar a democracia.
Se a resposta for SIM, o PS tem que reorientar as suas práticas pois tem-se relacionado com os cidadãos através da comunicação social, da propaganda e das promessas, tal e qual como qualquer partido conservador. A retórica é a mesma.
É incompreensível que os efeitos mediáticos vão ao ponto de se convidarem deputados para protagonizarem "causas" específicas, tanto culturais como de sociedade. "Quem com ferros mata, com ferros morre", diz o povo. Veja-se o que está a acontecer com a comunicação social.
Um partido socialista não cultiva promiscuidade entre economia e política.
(...)
4. Um partido socialista pratica a democracia interna e presta contas aos eleitores.
Se a resposta for SIM, então nunca o PS teve dirigentes tão pouco socialistas. Com efeito, a actual direcção do PS age em quase total isolamento. Distribui lacaios bem pagos, sem ética nem moral, tanto nos espaços políticos como económicos, públicos e privados.
Os Congressos são encenações. Os deputados tornaram-se desconhecidos. As "directas" para a eleição do secretário-geral criaram mais efeitos perversos que garantias democráticas. Porque não rever procedimentos?
(...)
5. Um partido socialista procura compreender para agir nos tempos económicos, políticos e sociais em que vive.
Se a resposta for SIM, temos que reconhecer que nem a natureza da crise económica nem as dimensões da sociedade do conhecimento foram traduzidas em políticas pelo actual PS. Confundiu-se modernização com "coisas" tecnológicas, confundiu-se desenvolvimento com exploração e desregulação dos direitos dos trabalhadores, confundiram-se direitos individuais com causas avulsas.
Se a resposta for NÃO, então tanto vale uma formação científica pertinente como uma licenciatura formal, para o título. Tanto vale a relação com o saber como a imagem de um Magalhães nas mãos de cada criança.
Quando a democracia europeia já se questionava sobre a "terceira via", chegou José Sócrates ao governo. Para que serve o PS na sociedade portuguesa? É urgente reconstruir o partido e recuperar a credibilidade e a confiança dos cidadãos. Onde estão os socialistas? "